UMA MÁ POLÍTICA DE CONFRONTO PERSISTENTE
- O que se passa
     actualmente na Faixa de Gaza é simplesmente inadmissível e a comunidade
     internacional ainda não fez o suficiente para pôr cobro à barbárie que lá
     se assiste.
 
- Quem, ainda assim,
     consegue permanecer indiferente ao presente massacre praticado por Israel,
     só pode estar movido por um ódio irracional aos palestinianos, ou e então,
     à religião que eles, maioritariamente, professam.
 
- Não posso, pois,
     deixar de manifestar aqui a minha profunda indignação e revolta. E devo
     desde já dizer, que também me indignaria e revoltaria, caso o massacre estivesse
     a ser de sinal contrário, ou seja, se fossem os palestinianos a massacrar
     o povo de Israel.
 
- Reconheço que a má
     imagem sistematicamente deixada passar pelos radicais islâmicos tem
     contribuído para que, em relação a eles, se nutra um forte sentimento de
     repulsa. Porém, e por alguma imprecaução, há quem estenda tal sentimento de
     repulsa à totalidade dos islâmicos, confundindo, assim, uma parte com o
     todo.
 
- Mas, há radicais em
     todas as dimensões da vida, em especial na política e, sobretudo, em todas
     as religiões. Vai daí que, em nome da política e da religião, se pratiquem
     os actos mais bárbaros e irracionais que hoje se conhecem. É verdade que
     sempre foi assim ao longo da história da humanidade.
 
- Ao povo de Israel
     ligam-me laços históricos de sangue, uma das minhas bisavós, Maria das
     Dores, era judia. Ao povo da Palestina, ou ao mundo árabe em geral – pelo
     menos que eu saiba – não me ligam quaisquer laços de sangue. O que não é
     bastante para me tornar insensível ao seu drama. Sou tão sensível ao
     actual drama dos palestinianos, como sempre fui ao que envolveu os judeus
     no passado. 
 
- O facto de correr
     sangue judeu nas minhas veias não me impele a ser solidário com as actuais
     práticas do governo de Israel. É até sabido que mesmo judeus israelitas já
     se vão demarcando das opções belicistas do presente governo de Israel.
 
- De modo algum estou
     de acordo com os apologistas da retirada do mapa do Estado de Israel. Também
     de modo algum concordo com os métodos seguidos pelos sucessivos governos
     israelitas que procuram, de uma forma ou de outra, torpedear o
     estabelecimento de um Estado viável para os palestinianos. Qualquer uma
     destas opções extremas resulta, afinal, de equívocos históricos, alguns
     dos quais facilmente explicados.
 
- O grande equívoco
     começou quando, pretendendo encontrar um espaço adequado para instalar os
     judeus perseguidos – e quase exterminados pela sanha assassina dos nazis –
     foram subvalorizados os anseios e os legítimos direitos dos palestinianos
     que habitavam os territórios hoje integrados em Israel.
 
- O Mandato Britânico
     sobre o território da Palestina – outorgado pela Liga das Nações, em 1922,
     na sequência da derrota do Império Otomano – terminou a 14 de Maio de
     1948. David Ben-Gurion declarou, então, a independência do Estado de
     Israel, uma declaração imediatamente reconhecida pelos Estados Unidos da
     América e pela então União Soviética, potências saídas vitoriosas no final
     da II Guerra Mundial.
 
- Na tentativa de resolver
     um problema – ou seja, arranjar um espaço viável e aparentemente seguro
     para os judeus – as grandes potências criaram, afinal, um outro problema
     não menos grave: lançaram para a diáspora milhares e milhares de
     palestinianos, despoletando, assim, um conjunto de estímulos ao conflito
     entre árabes e israelitas prevalecente nos nossos dias.
 
- As sucessivas
     vitórias militares de Israel sobre os seus vizinhos árabes permitiu o
     início de um processo expansionista que ainda perdura. O território da
     Palestina ficou também privado de espaços ocupados quer pela Jordânia
     (Cisjordânia), quer pelo Egipto (Faixa de Gaza).
 
- No decurso da Guerra
     Israelo-árabe de 1967 – a chamada “guerra dos seis dias” – Israel tomou
     aos estados árabes territórios como a Cisjordânia e Jerusalém Oriental (tomadas
     à Jordânia), a Faixa de Gaza e a Península do Sinai (tomadas ao Egipto), e
     à Síria tomou os Montes Golã. 
 
- Em 2005, por
     iniciativa do então Primeiro-Ministro Ariel Sharon, Israel retirou-se da
     Faixa de Gaza e da Cisjordânia. Posteriormente, optou por se retirar
     também dos Montes Golã, tendo, no entanto, e quase que em simultâneo, lançado
     uma poderosa ofensiva contra a Faixa de Gaza, o local onde hoje se
     desenvolvem as maiores atrocidades, atingindo especialmente a população
     civil.
 
- Ao longo do tempo, a
     opção israelita tem sido a de se expandir para dentro do território da
     Cisjordânia, através de colonatos de judeus que a descaracterizam e
     inviabilizam.
 
- Os colonatos judeus
     que se espalham por todo o território da Cisjordânia são focos permanentes
     de tensão entre o campo palestiniano e os judeus. A garantia de segurança
     do seu Estado é também o argumento de recurso para justificar os ataques
     levados a cabo por Israel contra os seus vizinhos e contra os radicais
     palestinianos.
 
- Trata-se de um
     conflito que acompanho há muito e que, penso, só terá fim quando for
     possível uma coexistência pacífica e cooperativa entre o Estado de Israel
     e os Palestinianos unidos eles também no seu próprio Estado, pois a opção
     pelo confronto persistente não pode durar uma eternidade.
 
 
 
          
      
 
  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ResponderEliminar1. O correspondente em Gaza do Globe e do Mail, Patrick Martin, escreveu num seu artigo de 20 de Julho:
"A presença de militantes combatentes em Shejaia tornou-se evidente na tarde de Domingo quando, sob a capa de uma trégua humanitária que pretendia permitir aos dois lados retirar os mortos e os feridos, vários Palestinianos armados abandonaram apressadamente o local. Alguns mostravam ostensivamente as suas armas encaixadas nos ombros, mas pelo menos dois, disfarçados de mulheres, fugiam com as armas parcialmente escondidas debaixo dos vestidos. Um outro levava a arma embrulhada num cobertor de bebé e mantinha-a ao peito como se de um se tratasse."
2. A correspondente canadiana de televisão Janis Mackey Frayer colocou o seguinte tweet no dia 20 de Julho:
3. O correspondente do Washington Post, William Booth, escreveu a partir de Gaza num artigo de 15 de Julho:
"No Hospital Shifa na cidade de Gaza, juntaram-se multidões para atirar sapatos e ovos ao Ministro da Saúde da Autoridade Palestiniana, que representa o decadente 'Governo de unidade' na cidade de Ramallah na Cisjordânia. O Ministro foi mandado embora antes de conseguir chegar ao hospital que tinha-se tornado, de facto, um quartel-general para os líderes do Hamas, vistos a deambular nos corredores e gabinetes."
4. Outro relatório de correspondentes do Washington Post datado de 17 de Julho conta: "Durante um período de acalmia, um grupo de homens numa mesquita a norte de Gaza disse que tinha regressado para tirar o vidro verde estilhaçado das janelas, resultado do bombardeamento do dia anterior, mas vimo-los a esconder pequenos rockets dentro da mesquita."
5. O correspondente do Wall Street Journal, Nick Casey, colocou o seguinte tweet sobre o uso dado ao hospital de Shifa pelos membros do Hamas:
6. O correspondente do japonês Mainichi, em Gaza, reportou a 21 de Julho:
"O Hamas critica os 'massacres de civis por Israel'. Por outro lado, o Hamas usa civis e jornalistas que tentam fugir, impedindo-os de o fazer e tornando-os escudos humanos contrariando totalmente as tácticas de guerrilha...
A estratégia do escudo humano do Hamas aplica-se também a jornalistas estrangeiros...Durante o presente conflito, o checkpoint do Hamas foi bombardeado pelo que foi instalado um checkpoint temporário noutro local. Para cerca de 20 jornalistas que queriam sair um membro do Hamas disse que Israel tinha fechado o checkpoint. Contudo, quando telefonei para o pessoal das Forças de Defesa Israelitas para confirmar a informação, o membro do Hamas disse subitamente que afinal não tinhamos sido atacados e estávamos abertos como de costume...' Enquanto discutíamos o que fazer, o mesmo indivíduo gritou: 'em 5 minutos Israel vai bombardear-nos aqui. Têm de regressar imediatamente a Gaza!' Todos os jornalistas regressámos a Gaza de carro mas lembrámo-nos que o Hamas, durante o conflito com Israel em Novembro de 2012 também fechara os checkpoints para bloquear as saídas."
7. A jornalista para assuntos do Médio Oriente do Huffington Post, Sophia Jones, colocou um tweet a 15 de Julho:
8. O correspondente da BBC em Gaza, Jon Donnison, colocou um tweet com uma fotografia de uma criança ferida na Síria como sendo em Gaza. Aparentemente este tweet tinha sido reencaminhado de um jornalista e activista Palestiniano Hazem Balousha. Donnison pediu desculpa pelo erro: http://www.dailymail.co.uk/news/article-2236209/BBC-reporter-tweets-photo-injured-Gaza-girl-actually-child-Syria.html#ixzz38CtGcrcd
• O Hamas comete crimes de guerra ao utilizar os civis de Gaza como escudos humanos e, cinicamente, coloca em perigo as suas vidas. O Hamas deliberadamente perpetra as suas actividades militares a partir de áreas residenciais, escolas, mesquitas e hospitais. Veja, em apenas 60 segundos, um exemplo de como o Hamas usa civis como escudos humanos em http://youtu.be/fcrWy3PT6zc e de como coloca em risco as vidas de civis em Israel e em Gaza em https://www.youtube.com/watch?v=ZZpMUPHKQXQ&list=UU6zZ6ROUfiMqSRrsMQamlhA
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