1. Volta e meia, um amigo meu que não é economista coloca-me questões interessantes sobre economia. Há dias, por exemplo, ele desafiou-me a escrever um texto de homenagem ao Professor Paul Samuelson, recentemente falecido, aos 94 anos de idade. Para quem não sabe, o Professor Paul Samuelson foi dos mais brilhantes economistas do século XX. Foi, também, o primeiro norte-americano a ganhar o Prémio Nobel da Economia, em 1970, cuja verdadeira denominação é “Prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel”.
2. O meu amigo é médico mas, num dos seus devaneios e curiosidades científicas, fez uma curta incursão pelo estudo da economia, já lá vão, seguramente, umas boas dezenas de anos. Nesta vertente, ele é um pouco o espelho da minha geração.
3. Muitos dos meus contemporâneos primaram pelo engajamento social e político, mas outros manifestaram sempre um elevado apego ao conhecimento científico. Houve, também, quem tivesse conseguido associar todas essas vocações. Indiferentes, conheci poucos.
4. O meu amigo Gigi Mendonça, o tal médico de que vos falei, sempre me disse que não se importava nada de ser economista, talvez sociólogo, até mesmo advogado. Inteligência e capacidade de trabalho nunca lhe faltaram. Outro amigo meu, o Manuel Jorge – que é advogado – na nossa juventude, foi de tal modo metediço que até estudava os mesmos livros que nós. Nós que éramos da área das Ciências Exactas. Havia ainda o Vicente, o meu irmão, que trocava voluntariamente o estudo das suas matérias curriculares pela leitura de outros livros, livros de todo o tipo, literatura diversa. Na realidade, éramos todos mais ou menos assim: curiosos e inquietos.
5. De forma alguma eu podia desconsiderar o pedido do meu amigo Gigi Mendonça, já porque ele sempre me disse que tinha dadosos seus passos iniciais no estudo da economia socorrendo-se do mais famoso livro de Paul Samuelson: “Economia: Uma Análise Introdutória”.
6. Há que fazer justiça: Paul Samuelson foi um pouco o Professor de todos nós – nós que estudámos pelos seus livros. Os livros de Paul Samuelson foram sucessivamente actualizados, fazendo parte das nossas bibliotecas. De um modo sistemático e organizado, Samuelson contribuiu para que entendêssemos melhor os meandros da ciência económica.
7. Eu digo sempre aos meus alunos que, sem o contributo da matemática, a Economia não passaria de um discurso teórico, e ficaria ainda ao nível da Economia Política. Ou então, manter-se-ia (já o fora no passado) como um ramo auxiliar do Direito. Foi a matemática que deu, pois, estrutura, consistência e autonomia à ciência económica.
8. Paul Samuelson foi dos que mais contribuiu para essa estruturação, consistência e independência. A ele se devem trabalhos de aplicação rigorosa da análise matemática ao equilíbrio entre preços, oferta e procura. Com ele, e graças à matemática, foi possível a elaboração dos modelos económicos, de que hoje nos socorremos para estudar os fenómenos, e depois fazer previsões.
9. Paul Samuelson foi consequente até ao final dos seus dias, mantendo-se fiel ao pensamento keynesiano. Para si, por exemplo, a saída da recente crise económica passava pelo aumento da despesa do Estado, pelo corte nos impostos e pela manutenção de taxas de juro bastante reduzidas, muito próximas de zero. Paul Samuelson nunca acreditou na infalibilidade dos mercados, ou na sua capacidade ilimitada de gerar empregos. Achou que, sobretudo em momentos de crise, o papel do Estado era fundamental.
10. Paul Samuelson licenciou-se na Universidade de Chicago, onde conheceu o também famoso economista Milton Friedman. Mas não se deixou seduzir pelas ideias de Milton Friedman. Figuram nos anais da história as discussões intelectuais entre estes dois economistas, que se tornaram uma das marcas do século XX. Ele seguiu, sim, os ensinamentos de um outro economista, Alvin Hansen, este também um distinto keynesiano. Depois, partiu para Harvard, fixando-se, porém, definitivamente, no MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts).
11. A sua tese de doutoramento, publicada em livro com o título “Fundamentos da Análise Económica”, datada de 1947, revolucionou o pensamento económico e foi considerada a melhor tese de Doutoramento da Universidade de Harvard sobre economia. O livro mais lido de Paul Samuelson, “Economia: Uma Análise Introdutória” foi editado 19 vezes, em 40 línguas. Actualizou-as sempre, inserindo novas questões e exemplos mais recentes. Publicaram-se 4 milhões de exemplares. Durante vários anos, fiz questão de adquirir as sucessivas edições desse livro. Nos últimos 4 ou cinco anos, perdi-lhe o rasto.
12. Paul Samuelson foi Professor de muitos laureados com o Prémio Nobel de Economia, como, por exemplo, Paul Krugman. Foi também Professor do actual líder da Reserva Federal norte-americana, Ben Bernanke que, ao tomar conhecimento da sua morte, declarou: “Paul Samuelson foi tanto um pioneiro quanto um teórico económico prolífico, e um dos maiores professores que a economia já conheceu”. E acrescentou: “Ele é um titã da economia”.
2. O meu amigo é médico mas, num dos seus devaneios e curiosidades científicas, fez uma curta incursão pelo estudo da economia, já lá vão, seguramente, umas boas dezenas de anos. Nesta vertente, ele é um pouco o espelho da minha geração.
3. Muitos dos meus contemporâneos primaram pelo engajamento social e político, mas outros manifestaram sempre um elevado apego ao conhecimento científico. Houve, também, quem tivesse conseguido associar todas essas vocações. Indiferentes, conheci poucos.
4. O meu amigo Gigi Mendonça, o tal médico de que vos falei, sempre me disse que não se importava nada de ser economista, talvez sociólogo, até mesmo advogado. Inteligência e capacidade de trabalho nunca lhe faltaram. Outro amigo meu, o Manuel Jorge – que é advogado – na nossa juventude, foi de tal modo metediço que até estudava os mesmos livros que nós. Nós que éramos da área das Ciências Exactas. Havia ainda o Vicente, o meu irmão, que trocava voluntariamente o estudo das suas matérias curriculares pela leitura de outros livros, livros de todo o tipo, literatura diversa. Na realidade, éramos todos mais ou menos assim: curiosos e inquietos.
5. De forma alguma eu podia desconsiderar o pedido do meu amigo Gigi Mendonça, já porque ele sempre me disse que tinha dadosos seus passos iniciais no estudo da economia socorrendo-se do mais famoso livro de Paul Samuelson: “Economia: Uma Análise Introdutória”.
6. Há que fazer justiça: Paul Samuelson foi um pouco o Professor de todos nós – nós que estudámos pelos seus livros. Os livros de Paul Samuelson foram sucessivamente actualizados, fazendo parte das nossas bibliotecas. De um modo sistemático e organizado, Samuelson contribuiu para que entendêssemos melhor os meandros da ciência económica.
7. Eu digo sempre aos meus alunos que, sem o contributo da matemática, a Economia não passaria de um discurso teórico, e ficaria ainda ao nível da Economia Política. Ou então, manter-se-ia (já o fora no passado) como um ramo auxiliar do Direito. Foi a matemática que deu, pois, estrutura, consistência e autonomia à ciência económica.
8. Paul Samuelson foi dos que mais contribuiu para essa estruturação, consistência e independência. A ele se devem trabalhos de aplicação rigorosa da análise matemática ao equilíbrio entre preços, oferta e procura. Com ele, e graças à matemática, foi possível a elaboração dos modelos económicos, de que hoje nos socorremos para estudar os fenómenos, e depois fazer previsões.
9. Paul Samuelson foi consequente até ao final dos seus dias, mantendo-se fiel ao pensamento keynesiano. Para si, por exemplo, a saída da recente crise económica passava pelo aumento da despesa do Estado, pelo corte nos impostos e pela manutenção de taxas de juro bastante reduzidas, muito próximas de zero. Paul Samuelson nunca acreditou na infalibilidade dos mercados, ou na sua capacidade ilimitada de gerar empregos. Achou que, sobretudo em momentos de crise, o papel do Estado era fundamental.
10. Paul Samuelson licenciou-se na Universidade de Chicago, onde conheceu o também famoso economista Milton Friedman. Mas não se deixou seduzir pelas ideias de Milton Friedman. Figuram nos anais da história as discussões intelectuais entre estes dois economistas, que se tornaram uma das marcas do século XX. Ele seguiu, sim, os ensinamentos de um outro economista, Alvin Hansen, este também um distinto keynesiano. Depois, partiu para Harvard, fixando-se, porém, definitivamente, no MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts).
11. A sua tese de doutoramento, publicada em livro com o título “Fundamentos da Análise Económica”, datada de 1947, revolucionou o pensamento económico e foi considerada a melhor tese de Doutoramento da Universidade de Harvard sobre economia. O livro mais lido de Paul Samuelson, “Economia: Uma Análise Introdutória” foi editado 19 vezes, em 40 línguas. Actualizou-as sempre, inserindo novas questões e exemplos mais recentes. Publicaram-se 4 milhões de exemplares. Durante vários anos, fiz questão de adquirir as sucessivas edições desse livro. Nos últimos 4 ou cinco anos, perdi-lhe o rasto.
12. Paul Samuelson foi Professor de muitos laureados com o Prémio Nobel de Economia, como, por exemplo, Paul Krugman. Foi também Professor do actual líder da Reserva Federal norte-americana, Ben Bernanke que, ao tomar conhecimento da sua morte, declarou: “Paul Samuelson foi tanto um pioneiro quanto um teórico económico prolífico, e um dos maiores professores que a economia já conheceu”. E acrescentou: “Ele é um titã da economia”.