sexta-feira, 8 de junho de 2012

PARABÉNS AO CEIC E À UCAN!


  1. A vida académica – que é a minha grande paixão – corre a uma velocidade diferente da das outras dimensões do percurso da minha vida. Ela corre, talvez, mais lentamente, pois tem como referência directa não já o ano de calendário, mas, sim, as sucessivas gerações de alunos que os professores ajudam a formar.

  1. Hoje, à medida que o tempo passa e, cada vez mais frequentemente, vou me encontrando com ex-alunos que me saúdam, exibindo, por norma, um largo sorriso de satisfação. Um sorriso que transporta, seguramente, a mensagem de apreço pelo modo como nos conseguimos relacionar e interagir nas aulas e nos corredores das escolas.

  1. Quando recebo esse sinal gratificante sinto como tem sido bom participar na formação científica e técnica num país como o nosso que partiu quase do zero, e que hoje já possui um número bastante razoável de quadros, muitos deles de grande valia. É esse resultado que torna mensurável a actividade docente. É também esse resultado que permite disfarçar e tornar secundários todos os constrangimentos que a vida académica envolve. 

  1. Mas, a vida académica não se esgota apenas na docência clássica, nas aulas formais, ela também se afirma por intermédio da transmissão da experiência vivida e, sobretudo, na pesquisa, na investigação. A actividade do investigar passa por vezes desapercebida, dado que aparece num outro ângulo de visão. A actividade do investigador situa-se muito longe dos olhares curiosos e, até mesmo, em espaços pouco mediáticos e de reduzida visibilidade. Mas ela é de uma importância incomensurável.

  1. Por tudo isso, trago hoje para a nossa conversa muito concretamente o simbolismo do investigador, pois acabamos de comemorar os primeiros 10 anos desde a fundação do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, o CEIC. 

  1. O Centro de Estudos e Investigação Científica de Angola foi um projecto que nasceu menos de 4 anos depois de se termos iniciado os primeiros cursos ministrados na UCAN. Surgiu, formalmente, em 6 de Março de 2002, através de um despacho do Magnífico Reitor, Dom Damião Franklin. É bom recordar os seus primeiros passos, a sua génese, porque a sua história ainda decorre e espero que tenha uma eternidade à sua frente.

  1. De início, o Reitor da UCAN ordenou a constituição de uma equipa de académicos de que fiz parte, juntamente com o Dr. Carlos Leite (um cidadão português que também é canadense, com a particularidade de ter nascido em Angola. Na altura, estava entre nós como representante do FMI), e com os Drs. Emílio Rafael Moreso Grion, Adão Avelino, Ennes Ferreira (professor de universidades em Portugal, e com fortes ligações históricas a Angola) e o actual Director do CEIC, o Dr. Alves da Rocha.

  1. Na criação do CEIC estiveram sempre presentes, e muito profundamente envolvidos o Reitor e o então Vice-Reitor, Dom Filomeno Vieira Dias, assim como Monsenhor José Alves Cachadinha, que é, reconheça-se, um dos esteios da UCAN e da sua vertente de investigação. Juntaram-se depois a esta pequena equipa inicial mais quadros docentes e ligados à investigação, como a Dr.ª Noelma Viegas D’Abreu (a segunda Directora do CEIC) e, posteriormente, o Dr. Salim Valimamade.

  1. O CEIC deve também muito do seu êxito ao contributo de diversos colaboradores internos e externos, que não consigo enumerar aqui, mas foram bem referenciados no acto solene de apresentação do seu 10º Relatório Económico Anual e do Relatório Social.

  1. O mérito destes 10 anos do CEIC não pode ser visto somente pela capacidade que demonstrou em apresentar sucessivos Relatórios (Económico, Energia e Social) cada vez melhor elaborados mas, também, por ter envolvido nos seus trabalhos alguns dos bons alunos da UCAN, que passaram, assim, a tomar contacto e gosto pela investigação científica e poderão funcionar como um garante da continuidade deste projecto.

  1. Sinto-me orgulhoso por ter participado na génese desse espaço de investigação. Sinto-me feliz por tido oportunidade de apreciar, no evolução do CEIC, o modo como os meus companheiros conseguiram dar corpo e alma a um rebento que teve vários país, os seus colaboradores, e uma só mãe, a UCAN. Sinto que é bastante gratificante constatar que o CEIC é das unidades orgânicas que mais prestígio dá à UCAN, projectando-a para além fronteiras.

  1.  Os trabalhos de investigação produzidos pelo CEIC são já uma referência no mundo académico angolano e muito procurados pelas diversas chancelarias internacionais instaladas em Angola. São, também, objecto de procura pelas empresas que estão presentes e pelas que pretendem instalar-se no nosso país. Isto confere-lhe reconhecimento e estimula-o a prosseguir na melhoria da sua prestação.

  1. Hoje, outras instituições de ensino superior manifestam publicamente vontade de montarem elas também os seus Centros de Investigação. Fazendo-o, ajudarão na criação de uma verdadeira malha de investigação de que o país necessita e de que retirará proveito valioso no médio e no longo prazo.

  1. Os Relatórios periódicos produzidos pelo CEIC consolidam informação proveniente de variadas fontes e apresentam igualmente resultados das suas próprias avaliações. Constituem, assim, instrumento de trabalho para a tomada de decisões por parte de quem actua com base em informação credível.


  1. Por exemplo, no último Relatório do CEIC ficou claro que, depois de um curto período de extraordinário crescimento da nossa economia, a que se resolveu chamar “mini-período de ouro”, sobreveio um período de ainda curto mas profundo abrandamento, colocando-nos a crescer a taxas inferiores à do crescimento médio do conjunto do nosso continente, e mostrando a nossa vulnerabilidade face à conjuntura internacional adversa. 

  1. Aquando da apresentação do Relatório Anual, o Director do CEIC, o Dr. Alves da Rocha, fez questão de assinalar que o processo de libertação da actual dependência do petróleo será demorado, e que ela só pode ser eficaz se nos impusermos políticas consistentes de diversificação económica. Um dos pilares dessa diversificação será a aposta na inovação e no progresso tecnológico, alcançáveis se conseguirmos redobrar os esforços nas áreas de investigação pura e da investigação aplicada.



  1. Com um crescente envolvimento das Universidades será mais possível encurtarmos o caminho para a vitória sobre o subdesenvolvimento. A UCAN e o CEIC colocaram-se na vanguarda. Os reconhecimentos vêm de diversas origens. Os apoios, por maiores e mais generosos que sejam, serão sempre insuficientes, porque as necessidades são crescentes. Mas nós acreditamos – e quem acredita está vocacionado para vencer…

  1. Parabéns, pois, ao CEIC e à UCAN!