quarta-feira, 29 de setembro de 2010

POSTAL DE WAGENINGEN. ENTRE A HISTÓRIA E O AFECTO

1. Envio-vos este “postal” a partir de um dos países mais antigos e mais simbólicos da Europa – um país de que se conhecem vestígios humanos há, pelo menos, 100.000 anos. Estou por alguns dias nos Países Baixos, incorrectamente chamados Holanda, pois as “Holandas” são apenas duas das suas doze Províncias, a Holanda do Norte e a do Sul.

2. Para nós, angolanos, o nome Holanda traz-nos, de imediato, à memória o futebol. Ainda há pouco tempo a selecção holandesa deliciou-nos com maravilhosas exibições, na Copa do Mundo 2010 que teve lugar na África do Sul. Depois, foi batida, in extermis, pela Espanha, com um golo de grande oportunidade marcado por esse fabuloso jogador espanhol que se chama Iniesta. A Holanda, que esteve durante oito séculos sob domínio espanhol viu, assim, fugir-lhe das mãos mais uma oportunidade de se sagrar Campeã do Mundo de Futebol, precisamente pela sua antiga (e remota) potência colonial. Imagino-lhes a raiva…

3. Daqui onde estou, e donde vos envio este “postal”, recordo nomes que deram muitas glórias desportivas à Holanda como, por exemplo, em 1974, a sua selecção, então treinada por Rinus Mitchels, e que ficou mundialmente conhecida por “A Laranja Mecânica”. Vem-me à cabeça o seu jogador mais valioso, Johan Cruifff, mas, igualmente, o Neeskens ou o Johnny Rep. Na final, “A Laranja Mecânica” foi derrotada por 2-1 pela fortíssima selecção da Alemanha Ocidental, onde despontavam Franz Beckenbauer e Gerd Müller.

4. Depois, vieram outras grandes glórias como MarcoVan Basten, Ruud Gullit, Frank Rijkaard, os irmãos Frank e Ronald de Bóer, ou mesmo Donald Koemen, Patrick Kluivert, Clarence Seedorf.

5. Este é o país que deixou para a História nomes da Cultura e das Artes como Van Gogh, Rembrandt, ou os filósofos Espinoza, René Descartes e Erasmo de Roterdão. A jovem judia Anne Frank escreveu aqui o seu famoso diário, enquanto se escondia da sanha assassina dos nazis que haviam ocupado o seu país.

6. Sempre desejei pisar o solo de Anne Frank, sobretudo porque o seu drama, depois narrado em livro, foi dos episódios que mais profundamente marcou a minha memória de juventude.

7. Os Países Baixos, que nos habituámos a chamar Holanda, também tentaram colonizar Angola, em 1641. A História ensinou-nos que, estranhamente, depois de Portugal já se ter libertado do domínio espanhol, os holandeses, aproveitando-se da fragilidade ocasional de Portugal, iniciaram a ocupação de algumas das suas colónias. Fizeram-no no Nordeste Brasileiro, no Litoral Angolano, nos domínios portugueses na Ásia.

8. Os holandeses eram, então, a maior potência marítima do mundo e estavam em fase de expansão económica. Um país reduzido, mas com uma tremenda vontade imperial… Penso que essa vontade imperial lhes vinha dos tempos de Carlos Magno e também da longa ocupação espanhola.

9. Angola entrou na História da Holanda e a Holanda entrou na História de Angola, não só pela ocupação temporária de Luanda mas também pela astúcia política e diplomática da nossa célebre Rainha Ginga. A Rainha Ginga alternou alianças para reforçar o seu poder e enfraquecer as forças ocupantes. Prometeu aos holandeses que repartiria consigo os escravos capturados, subtraindo, assim, aos portugueses a força de trabalho que necessitavam para explorar o Brasil.

10. É, pois, desta Holanda que também faz parte da nossa História, que vos envio este singelo “postal de viagem”. Eles deixaram, entre nós, visíveis vestígios de sangue, como se pode ver por alguns nomes de famílias angolanas, como os Van-Dúnem, os Van-Deste, ou os Von-Haff.

11. Vem-me agora à memória uma coisa que julgo interessante e que quero partilhar com vocês. Há muitos anos, alguém me disse que a Armada do luso-brasileiro Salvador Correia de Sá e Benevides, partida de Pernambuco para retomar Luanda das mãos dos holandeses, conseguiu o seu intento praticamente sem ter disparado um tiro… Caminhando do Sul para Luanda, estacionaram no Litoral da Província do Kwanza-Sul – creio que defronte ao Kikombo ou a Porto Amboim. Aconteceu, porém, um fenómeno marítimo, um maremoto (que hoje nos habituámos a chamar Tsunami), que fez afundar muitos dos navios da Armada, entre os quais o Navio-Almirante. Refeitos do susto, os sobreviventes, capitaneados por Salvador Correia de Sá, encaminharam-se mesmo assim para Luanda, para cumprirem a missão que se propunham.

12. Os holandeses, resguardados e entrincheirados na Fortaleza, divisaram alguns, poucos, navios a aproximarem-se. Faltava o Navio-Almirante. O que fez com que os holandeses tomassem aquela pequena frota como sendo apenas uma pequena parte da enorme Armada que os vinha atacar… Se o Navio-Almirante ainda não tinha chegado, é porque, então, o grosso da tropa vinha com ele… Calculada assim a hipotética correlação de forças, os holandeses terão decidido retirar para mais longe, sem oferecer resistência em Luanda…

13. Salvador Correia de Sá terá, pois, alcançado o objectivo que se propunha, sem grande esforço. Os holandeses “bazaram” tendo-se restabelecido o comércio de escravos que alimentava a economia brasileira e fazia rico o Reino de Portugal.

14. Esta é apenas uma versão da história da retomada de Luanda. Não digo que seja a verdade histórica.

15. Já vos disse tantas coisas neste “postal” que vos envio, e esqueci-me de vos dizer ao que vim…

16. Na realidade, estou aqui em Wageningen, uma cidade holandesa, pequena mas linda. Muito simbólica pela ensino que ministra. Vejam, por exemplo, que dos menos de 40.000 habitantes que possui, cerca de 10.000 são estudantes. Possui uma Universidade de muita qualidade, cujos cursos são tomados como exemplares em todo o mundo, muito em especial, na Europa. Só a fazerem Doutoramentos estão mais de mil estudantes. Aqui há estudantes de 100 países. Não me enganei – são, sim, 100 países. É, como se dizia na minha infância, uma autêntica Babilónia…

17. Vim participar numa Conferência, patrocinada pela Wageningen University. Estou aqui juntamente com mais dois angolanos: o Professor Nuno Vidal, que veio pela Universidade de Coimbra e a Doutora Maliana Serrano, da Wageningen University. Somos os únicos angolanos aqui. Longe da nossa terra, mas com ela sempre no coração. Por isso, vos envio este “postal”, colocado entre a História e o afecto…

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

IMPOSSÍVEL TAPAR O SOL COM A PENEIRA

1. A frase bombástica que um jornalista norte-americano atribuiu a Fidel Castro, sobre o dito “falhanço do modelo económico cubano”, foi agora rejeitada pelo ex-líder cubano. Fidel diz ter querido dizer exactamente o contrário.

2. Para mim, o contrário a falência só pode significar êxito. Então, o que Fidel Castro terá querido dizer é que o modelo económico cubano foi um enorme êxito? A ser verdade, então, o modelo económico cubano terá ainda suficiente poder atractivo para, eventualmente, ser copiado por outros países, mesmo que com alguns ajustamentos à situação concreta de cada um...

3. Eu fico, pois, agora, com dúvidas sobre como interpretar o desmentido de Fidel Castro. Talvez escrevendo este texto eu consiga percebê-lo melhor.

4. Por exemplo, hoje, Cuba ainda importa cerca de 80% dos bens alimentares que consome – mesmo tendo 65% da sua população a viver no campo. Mas, é verdade também que exporta muito poucos produtos – que eu saiba, praticamente, tabaco e rum; e pouco mais.

5. O Estado cubano controla a maior parte da economia. Diz-se ainda que é responsável por cerca de 80% da realização do seu Produto Interno Bruto. As actividades privadas (que são, sobretudo, propriedade de estrangeiros) participarão com os restantes 20%. Num passado muito próximo (e, talvez, agora mesmo), pequenas actividades económicas como carpintaria, sapataria, canalização, lojas de venda de gelados, estavam sob a alçada do Estado.

6. Com a queda da União Soviética, em 1990, Cuba perdeu os volumosos subsídios que recebia do gigante do Leste Europeu – contabilizam-se em cerca de 5 mil milhões de usd anuais – um fluxo financeiro que permitia ao povo cubano manter um padrão de vida razoável. Depois, a economia entrou em colapso e o povo passou a conhecer momentos de grande dramaticidade, com muita gente a buscar refúgio e melhores oportunidades de vida noutras paragens, sobretudo nos EUA, o vizinho mais próximo, aquele país que exerce grande fascínio sobre todos quantos se sentem desesperados no país caribenho.

7. Foram necessários perto de 15 anos para Cuba iniciar um processo de recuperação económica, processo esse que foi abalado por uma sucessão de desastres naturais e pela persistência do embargo comercial norte-americano contra a Ilha, que vigora desde 1962.

8. O embargo comercial imposto pelos EUA teve (e tem ainda) profundas implicações no comércio de Cuba com o exterior, limitando-o, quer nas exportações, quer nas importações. Mesmo assim, há hoje um crescimento dos investimentos provenientes de países da União Europeia, sobretudo os virados para o turismo, e também para outros domínios, como a produção de energia e as telecomunicações.

9. O turismo de massa transformou-se num dos sectores mais dinâmicos da economia cubana, sendo já a sua principal fonte de arrecadação de divisas e um grande gerador de novos empregos, muito deles ocupados por pessoal com qualificação superior.

10. Os investimentos realizados no sector energético permitiram aliviar a gritante carência que se fazia sentir, com restrições e cortes constantes de energia. Permitiram, também, a exploração de novas e modernas fontes de energia, como a eólica e a solar, e até mesmo a energia proveniente da transformação da cana-de-açúcar em etanol. Alivia-se, assim, a emissão de gases poluentes, resultantes da acentuada utilização de gás e de diesel para a produção de energia.

11. Contudo, é referenciada como bastante positiva a área da educação, onde o governo cubano investiu imenso, desde a Revolução, uma educação que se mantém gratuita em todos os níveis de ensino e gratuita e obrigatória até ao 9º ano de escolaridade. Isso criou um escol de quadros reconhecidos em várias partes do mundo, num país que antes da Revolução tinha quase metade da sua população na condição de analfabeta.

12. Cuba está também na dianteira, relativamente aos seus vizinhos latino-americanos, no que diz respeito à saúde. Possui muito baixa taxa de mortalidade infantil e uma expectativa de vida de 75 anos para os homens e de 79 anos para as mulheres. Neste domínio, está mesmo ao nível dos países desenvolvidos. Ao longo dos anos, desenvolveu intensas campanhas para o combate a um conjunto de doenças que, noutras paragens, são endémicas, reduzindo para zero, ou para quase zero a sua incidência.

13. Terão sido tais políticas sociais que permitiram que Cuba, em termos do Índice de Desenvolvimento Humano, seja cotado como um claro caso de sucesso.

14. A grande debilidade de Cuba é, sem dúvidas, a economia. Para além, claro, do regime político, um regime político que nega as mais elementares liberdades democráticas.

15. Do ponto de vista económico não há como esconder a falência do modelo. De tal modo que é o próprio Presidente Raul Castro a protagonizar alterações, hoje vistas como significativas. O que mais chamou a atenção foi o anúncio de um corte, até Março de 2011, em 500 mil postos de trabalho ao nível do Estado, com a possibilidade de crescer até 1 milhão, nos próximos 5 anos. Esta medida põe claramente em causa o modelo económico cubano, baseado na propriedade e na actividade estatal.

16. Ao tomar tal medida, o governo alimenta a expectativa de os desempregados se encaminharem para o sector privado ou para o sector cooperativo da economia.

17. A reorganização económica do Estado cubano irá, seguramente, encontrar muitos obstáculos, a começar pela ausência de poupança por parte das famílias. Sem poupança não poderão fazer investimentos, mesmo que se lhes dê acesso à terra ou se liberalizem algumas actividades económicas, antes do domínio total do Estado.

18. Para crescer, a economia cubana terá que receber muito dinheiro e ele só poderá vir do Estado, dos cubanos emigrados no estrangeiro, ou de investidores estrangeiros. O Estado tem limites e irá, seguramente, deixar para o sector privado algumas áreas económicas. Será, pois, o sector privado a funcionar como o motor da criação de novos postos de trabalho.

19. Mesmo que haja naquela Ilha muita gente qualificada, em alguns domínios a economia de mercado que começará a ser implantada exigirá um tipo de formação técnica diferente daquela que foi ministrada até agora. Terá, sim, de haver, por exemplo, uma reciclagem dos quadros de gestão e economia. E os métodos de trabalho irão, também, por certo, ser alterados.

20. Uma coisa é ter sido formado para servir o aparelho de Estado (com a sua própria lógica de funcionamento, num modelo de sociedade pouco dinâmica e ultrapassada), outra coisa é ser servidor de agentes económicos privados que baseiam a sua actuação no princípio do lucro, num quadro de grande competitividade, interna e internacional.

21. O arranjo político – que é inevitável, mesmo que demore – fica para uma abordagem posterior.

22. Mesmo que Fidel Castro negue, agora, o que lhe foi atribuído, na realidade, a vez das grandes mudanças em Cuba está cada vez mais próxima.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

FIDEL CASTRO DISSE: O MODELO ECONÓMICO CUBANO FALIU

1. As mais recentes declarações do ex-presidente cubano, Fidel Castro, feitas a um jornalista norte-americano da revista “The Atlantic”, causaram tremendas ondas de choque.

2. Creio que haverá quem prefira, por exemplo, dizer que elas ou não são verdadeiras ou, então, foram retiradas do contexto (como veio, afinal, a fazer posteriormente o próprio Fidel Castro). Penso, também, que haverá quem diga que elas devem ser desvalorizadas, pois foram proferidas por quem, eventualmente, está reduzido nas suas capacidades físicas e mentais, dado que Fidel Castro esteve, durante 4 longos anos, acometido por uma grave enfermidade.

3. Seja como for, se a estas últimas declarações juntarmos, por exemplo, aquela que Fidel Castro também fez há uns tempos atrás, sobre o seu papel na perseguição aos homossexuais, durante o período mais quente da Revolução Cubana, então, estamos no direito de desconfiar que Fidel está, sim, disposto a não deixar que a história se escreva sem o seu contributo directo.

4. Dizendo, embora, não ser homofóbico, Fidel Castro declarou em Agosto ao diário mexicano “La Jornada” ser ele o responsável último pela perseguição de que foram vítimas, em Cuba, os homossexuais. Inclusive, Fidel classificou tal perseguição como “uma injustiça”. Naquela altura, os homossexuais cubanos eram considerados “contra-revolucionários”. Depois de presos, eles eram deportados para campos de trabalhos forçados.

5. Em 1990, o regime cubano decidiu despenalizar a homossexualidade, e em 2008, o seu sistema nacional de saúde passou a permitir a realização gratuita de intervenções cirúrgicas para a mudança de sexo. É evidente que a medida repressiva aplicada pelo regime, no auge da Revolução, terá causado tão grandes danos morais e físicos a muita gente, que não haverá reparação capaz de os indemnizar completamente.

6. Na entrevista dada agora à revista norte-americana “The Atlantic” Fidel Castro afirmou não acreditar que haja alguém que tenha sido mais injuriado do que os judeus. Disse ainda que os judeus foram mesmo mais injuriados do que os muçulmanos. Inclusive, pediu ao Presidente do Irão, Mahmud Ahmadinejad, que “pare de difamar os judeus”. Recordo que Ahamadinejad não se cansa de dizer que o Holocausto é uma pura invenção, e que o seu maior desejo é apagar Israel do Mapa. Estão a ver, pois, que, com esta posição, Fidel Castro acabou de “comprar uma forte briga” com os muçulmanos mais radicais!

7. Mas, a parte mais bombástica da recente entrevista de Fidel Castro deu à revista “The Atlantic” foi aquela em que ele diz que o modelo económico cubano faliu, quando o jornalista o interrogou se achava que o modelo económico de Cuba podia ser exportado para outros países. Penso que, pela cabeça do jornalista, teriam passado países como a Venezuela, Bolívia e outros, sobretudo da América Latina, com os quais Cuba tem cada vez mais estreitos laços económicos e políticos. Ao que Fidel respondeu: “O modelo cubano não serve nem para nós”.

8. Essa frase de Fidel vai certamente marcar a etapa final da vida do homem que, durante 50 anos, tudo fez para implementar no seu país um modelo de economia centralizada e estatizada, socorrendo-se de fortes medidas repressivas contra quem tentasse entrar no mercado como actor privado.

9. Ainda hoje, mesmo com as tímidas medidas de abertura introduzidas pelo seu irmão e substituto, Raul Castro, 95% da economia de Cuba está sob o controlo do Estado.

10. Desde a queda do “império soviético”, a economia cubana começou a resvalar, em parte, por falta do suporte de que beneficiava, proveniente das relações privilegiadas que mantinha com os países do chamado Bloco do Leste.

11. Agora, as condições de vida da população cubana têm-se degradado de um modo acelerado, restando apenas a imagem – muito elogiada por alguns – de o país possuir um sistema de saúde e educação eficazes. Sabemos também que a vida da população cubana é hoje marcada pela carência de bens essenciais, que as habitações e os transportes estão em muito mau estado, que o poder aquisitivo das famílias é desolador.

12. O regime autocrático dos irmãos Castro atravessa uma fase bastante crítica, não se vislumbrando no horizonte, pelo menos no curto prazo, a introdução de alterações no seu xadrez político.

13. Cresce a onda de contestação ao regime. É indisfarçável a amargura e o sofrimento dos que se lhe opõem. Ao ritmo de um conta-gotas, vão sendo libertados pequenos grupos de presos políticos que, depois, são exilados no estrangeiro, geralmente em Espanha.

14. Mesmo assim, há quem interprete os pronunciamentos de Fidel Castro como “uma simples manobra de diversão do regime”, talvez com o objectivo de conquistar uma imagem externa mais credível, para obter maior flexibilidade por parte do governo norte-americano e das restantes democracias ocidentais.

15. Para mim, porém, o que é interessante é tentar adivinhar como será, afinal, o “day-after”, ou seja, o dia em que se quebrar o regime monolítico, sobretudo, quando a liberalização da economia cubana começar a ser efectivada. Nessa altura – e eu não tenho dúvidas – muitos dos principais membros do Partido Comunista Cubano travestir-se-ão de democratas, e passarão a aparecer publicamente feitos agentes privados, reclamando para si o mérito e, em especial, os frutos da introdução das reformas. Vê-los-emos posando como distintos executivos, como fervorosos investidores, empresários de sucesso, até mesmo como parceiros dos investidores externos, nacionais ou estrangeiros – sim, aqueles a quem chamaram, durante 50 anos, “reaccionários” e “lacaios do imperialismo”. Querem, então, saber o porquê desta minha tão forte convicção? É que eu já vi esse filme… Algures… Muito próximo!