segunda-feira, 20 de setembro de 2010

FIDEL CASTRO DISSE: O MODELO ECONÓMICO CUBANO FALIU

1. As mais recentes declarações do ex-presidente cubano, Fidel Castro, feitas a um jornalista norte-americano da revista “The Atlantic”, causaram tremendas ondas de choque.

2. Creio que haverá quem prefira, por exemplo, dizer que elas ou não são verdadeiras ou, então, foram retiradas do contexto (como veio, afinal, a fazer posteriormente o próprio Fidel Castro). Penso, também, que haverá quem diga que elas devem ser desvalorizadas, pois foram proferidas por quem, eventualmente, está reduzido nas suas capacidades físicas e mentais, dado que Fidel Castro esteve, durante 4 longos anos, acometido por uma grave enfermidade.

3. Seja como for, se a estas últimas declarações juntarmos, por exemplo, aquela que Fidel Castro também fez há uns tempos atrás, sobre o seu papel na perseguição aos homossexuais, durante o período mais quente da Revolução Cubana, então, estamos no direito de desconfiar que Fidel está, sim, disposto a não deixar que a história se escreva sem o seu contributo directo.

4. Dizendo, embora, não ser homofóbico, Fidel Castro declarou em Agosto ao diário mexicano “La Jornada” ser ele o responsável último pela perseguição de que foram vítimas, em Cuba, os homossexuais. Inclusive, Fidel classificou tal perseguição como “uma injustiça”. Naquela altura, os homossexuais cubanos eram considerados “contra-revolucionários”. Depois de presos, eles eram deportados para campos de trabalhos forçados.

5. Em 1990, o regime cubano decidiu despenalizar a homossexualidade, e em 2008, o seu sistema nacional de saúde passou a permitir a realização gratuita de intervenções cirúrgicas para a mudança de sexo. É evidente que a medida repressiva aplicada pelo regime, no auge da Revolução, terá causado tão grandes danos morais e físicos a muita gente, que não haverá reparação capaz de os indemnizar completamente.

6. Na entrevista dada agora à revista norte-americana “The Atlantic” Fidel Castro afirmou não acreditar que haja alguém que tenha sido mais injuriado do que os judeus. Disse ainda que os judeus foram mesmo mais injuriados do que os muçulmanos. Inclusive, pediu ao Presidente do Irão, Mahmud Ahmadinejad, que “pare de difamar os judeus”. Recordo que Ahamadinejad não se cansa de dizer que o Holocausto é uma pura invenção, e que o seu maior desejo é apagar Israel do Mapa. Estão a ver, pois, que, com esta posição, Fidel Castro acabou de “comprar uma forte briga” com os muçulmanos mais radicais!

7. Mas, a parte mais bombástica da recente entrevista de Fidel Castro deu à revista “The Atlantic” foi aquela em que ele diz que o modelo económico cubano faliu, quando o jornalista o interrogou se achava que o modelo económico de Cuba podia ser exportado para outros países. Penso que, pela cabeça do jornalista, teriam passado países como a Venezuela, Bolívia e outros, sobretudo da América Latina, com os quais Cuba tem cada vez mais estreitos laços económicos e políticos. Ao que Fidel respondeu: “O modelo cubano não serve nem para nós”.

8. Essa frase de Fidel vai certamente marcar a etapa final da vida do homem que, durante 50 anos, tudo fez para implementar no seu país um modelo de economia centralizada e estatizada, socorrendo-se de fortes medidas repressivas contra quem tentasse entrar no mercado como actor privado.

9. Ainda hoje, mesmo com as tímidas medidas de abertura introduzidas pelo seu irmão e substituto, Raul Castro, 95% da economia de Cuba está sob o controlo do Estado.

10. Desde a queda do “império soviético”, a economia cubana começou a resvalar, em parte, por falta do suporte de que beneficiava, proveniente das relações privilegiadas que mantinha com os países do chamado Bloco do Leste.

11. Agora, as condições de vida da população cubana têm-se degradado de um modo acelerado, restando apenas a imagem – muito elogiada por alguns – de o país possuir um sistema de saúde e educação eficazes. Sabemos também que a vida da população cubana é hoje marcada pela carência de bens essenciais, que as habitações e os transportes estão em muito mau estado, que o poder aquisitivo das famílias é desolador.

12. O regime autocrático dos irmãos Castro atravessa uma fase bastante crítica, não se vislumbrando no horizonte, pelo menos no curto prazo, a introdução de alterações no seu xadrez político.

13. Cresce a onda de contestação ao regime. É indisfarçável a amargura e o sofrimento dos que se lhe opõem. Ao ritmo de um conta-gotas, vão sendo libertados pequenos grupos de presos políticos que, depois, são exilados no estrangeiro, geralmente em Espanha.

14. Mesmo assim, há quem interprete os pronunciamentos de Fidel Castro como “uma simples manobra de diversão do regime”, talvez com o objectivo de conquistar uma imagem externa mais credível, para obter maior flexibilidade por parte do governo norte-americano e das restantes democracias ocidentais.

15. Para mim, porém, o que é interessante é tentar adivinhar como será, afinal, o “day-after”, ou seja, o dia em que se quebrar o regime monolítico, sobretudo, quando a liberalização da economia cubana começar a ser efectivada. Nessa altura – e eu não tenho dúvidas – muitos dos principais membros do Partido Comunista Cubano travestir-se-ão de democratas, e passarão a aparecer publicamente feitos agentes privados, reclamando para si o mérito e, em especial, os frutos da introdução das reformas. Vê-los-emos posando como distintos executivos, como fervorosos investidores, empresários de sucesso, até mesmo como parceiros dos investidores externos, nacionais ou estrangeiros – sim, aqueles a quem chamaram, durante 50 anos, “reaccionários” e “lacaios do imperialismo”. Querem, então, saber o porquê desta minha tão forte convicção? É que eu já vi esse filme… Algures… Muito próximo!

1 comentário:

  1. nao a possivel ler tanta mentira nao aguento tenta gente escrevendo mantiras a por isso que o mundo nao se antende e só guerra por todo lado a por isso que eu nao acredito em nada que leio

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