O BLOCO DEMOCRÁTICO E A ADESÃO DA GUINÉ-EQUATORIAL À CPLP
- Desde 2006 que a
Guiné-Equatorial beneficia do estatuto de País Observador no seio da
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
- No ano 2010, a Guiné-Equatorial
pediu oficialmente para alterar o presente estatuto para a condição de
Membro de Pleno Direito, com todas as regalias e obrigações outorgadas aos
restantes países membros.
- As reuniões Cimeiras
da CPLP realizadas em Luanda e em Maputo, condicionaram a alteração do seu
estatuto ao cumprimento de uma Moratória sobre a pena de morte, e também a
promoção da Língua Portuguesa.
- Recentemente, aquele
país anunciou a suspensão da pena de morte – e não a sua abolição, como é
norma nos restantes países da organização – assim como um conjunto de
medidas tendentes à promoção e desenvolvimento da Língua Portuguesa no seu
território. Para o cumprimento desta última condição, a Guiné-Equatorial
anunciou que inseriu na sua Constituição o uso da Língua Portuguesa, em
parceria com o Espanhol (primeira Língua) e o Francês (segunda Língua).
- Essas são questões
apenas formais que condicionaram até agora a adesão da Guiné-Equatorial à
CPLP. Todavia, é bem sabido que esse país se caracteriza por um conjunto
de práticas nada abonatórias para a sua imagem pública, nomeadamente, a
corrupção generalizada, sistematicamente o recurso a prisões arbitrárias,
julgamentos injustos, limitação da liberdade de imprensa, de reunião e de
manifestação, sujeitando o seu povo a uma das ditaduras mais horrendas que
hoje se conhece.
- Os objectivos
iniciais que ditaram a constituição da CPLP tinham como baliza o
desenvolvimento da cooperação entre os diversos Estados e Povos, com vista
à melhoria das suas relações e condições de vida.
- Hoje é perfeitamente
visível que a tónica do nosso relacionamento no seio da organização
sobrevaloriza a dimensão económica, relegando para plano secundário as
restantes dimensões da vida, em especial o compromisso com o
desenvolvimento democrático e o respeito pelos direitos humanos. Veja-se
que o filho do Presidente assumiu uma Vice-Presidencia que não vem
descrita na Constituição e que o Poder judicial está todo completamente
subordinado ao Presidente, condenando sem provas, quem o presidente
determinar.
- O Bloco Democrático
não subalterniza os interesses económicos que se estabelecem entre os
Estados e os Povos, mas acha que o bem-estar social só pode ser efectivo e
duradouro quando tem alicerces firmes no usufruto das liberdades
fundamentais, sendo os direitos humanos o seu pilar basilar. E, entre
essas liberdades, se inclui a transparência dos negócios, o que não existe
na Guiné Equatorial, onde tudo anda à roda da família do Presidente. Para
se fazer negócios nesse país é, inclusive, preciso pagarem-se grandes
“luvas” à elite presidencial e aceita todas as formas de corrupção.
- O Bloco não
aconselha os empresários angolanos honestos a investirem na Guiné
Equatorial, pois poderão estar sujeitos a prisões arbitrárias com torturas
(como a que ocorre com o empresário Italiano Roberto Berardi que tem
negócios com o filho do Presidente), ou a assassinato não esclarecido
(como o de Igor Celotti, em 2007). O “El Dourado Equato-guineense” é,
pois, um verdadeiro “presente envenenado” que deve ser evitado.
- A posição do Bloco
Democrático a respeito do pedido de adesão plena da Guiné-Equatorial à
CPLP é de que ela deverá continuar condicionada ao fim da ditadura que é
efectiva nesse país.
- Contrariamos, assim,
a posição assumida, em Fevereiro deste ano, pelos Ministros de Negócios
Estrangeiros dos países da Comunidade, incluindo o nosso, que fingem
desconhecer a situação real, ignorando os gritos do povo Equato-guineense
e os relatórios das organizações internacionais de Direitos Humanos. E
recomendamos vivamente aos Chefes de Estado dos países da Comunidade para
evitarem lançar os seus povos numa aventura desprestigiante por excesso de
economicismo.
- Somos, pois, de
opinião que todos os passos dados até agora pelo regime ditatorial de
Teodoro Obiang Nguema visam somente lavar a sua imagem pública e ganhar
uma legitimidade internacional que de modo algum merece.
- Por isto, alguns
dirigentes do Bloco Democrático, em que eu próprio estou incluído juntamente
com outras personalidades do espaço da CPLP, subscreveram um “Abaixo-Assinado”
contra a entrada da Guiné Equatorial na CPLP, que esperamos seja tomada em
consideração pela presente Cimeira.
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