1. A notícia segunda a qual as
principais bolsas chinesas vivem uma situação de “crash”, é demasiado
inquietantes, pois se trata da segunda maior economia do mundo. Os números
anunciados são assustadores: em apenas num mês, houve uma perda de 32% de valor
bolsista, e 75% das empresas cotadas nessas Bolsas foram suspensas. Isto
remete-nos para o fatídico ano de 1929, nos Estados Unidos, com o rebentamento
da “bolha especulativa” que despoletou “A Grande Depressão”.
2. Oficialmente, “A Grande Depressão”
iniciou no dia 24 de Outubro de 1929, embora, já desde Julho desse ano se
viesse a registar uma acentuada queda na produção industrial norte-americana. No
dia 24 de Outubro, ruíram as acções na Bolsa de Nova Iorque, o que lhe valeu a
designação de “A Quinta-Feira Negra”. Do dia para a noite, milhares de
accionistas perderam boa parte das suas poupanças – nalguns casos, inclusive, a
totalidade.
3. Situação dramática: deflação;
encerramento de empresas; aumento exponencial do desemprego; redução
assustadora do PIB. O fenómeno depressivo prosseguiu e espalhou-se um pouco por
todo o mundo, muito em especial na Europa mas, ainda, no Canadá e Austrália. Escaparam
alguns países pouco industrializados - e
a União Soviética, uma “economia fechada”.
4. Em 1933, inspirado nas ideias do
economista inglês, John Maynard Keynes, autor da “Teoria geral do emprego, do
juro e da moeda”, o Presidente norte-americano, Franklin Delano Roosevelt,
definiu o seu “New Deal”, com as seguintes traves-mestras: i) Investimento
maciço em obras públicas – para gerar milhões de empregos; ii) Destruição dos “stocks”
de gêneros agrícolas – para conter a queda dos seus preços; iii) Redução da
jornada de trabalho – para criar mais postos de trabalho; iv) Fixação do
salário mínimo; v) Assistência médica gratuita; vi) Criação do
seguro-desemprego e do seguro – velhice, para maiores de 65 anos.
5. Eis a explicação para o rebentamento
da “bolha especulativa” na China: O mercado bolsista foi estimulado por margens
bastante atractivas, aliadas a uma política deliberada do poder chinês de
incentivo a aplicação de poupanças em acções, por parte do cidadão comum, o que
resultou em sobrevalorização artificial dos activos. Agora a “bolha” estourou, desencadeando
um apressado recurso à venda dos activos.
6. As autoridades chinesas buscam agora
soluções imediatas como, por exemplo: i) impedimento, durante seis meses, da venda
de acções por accionistas que detenham mais de 5% do valor das empresas; ii) limitar
os montantes de crédito destinados à compra de acções; iii) impedimento às
empresas estatais de negociarem acções na bolsa; iv) suspensão de novas
entradas na Bolsa; v) injecção de liquidez; vi) criação de um fundo apoiado por
vários intermediários financeiros; etc. Medidas até agora ineficazes.
7. O “crash” da Bolsa chinesa produzirá
ondas de choque sobre as principais bolsas internacionais, e, sobretudo, fará diminuir
a aquisição de matérias-primas. Penso que Angola terá certa dificuldade em escapar
à actual má prestação do grande parceiro estratégico.
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