quarta-feira, 24 de junho de 2015

A PARIDADE ENTRE O EURO E O DÓLAR


1.  A desvalorização da moeda única europeia, o euro, face ao dólar norte-americano, tem sido a questão que, nos últimos tempos, mais prende a atenção dos economistas. A relação entre as duas moedas aproxima-se da paridade; ou seja, 1 dólar norte-americano está praticamente a valer 1 euro.

 

2.  O dólar não se tem valorizado apenas face ao euro, sucedendo de igual modo – se bem que em proporções distintas – face a outras divisas, como a libra-esterlina, o franco-suíço, o iene japonês, e até mesmo o dólar canadense. Porém, a actual quase paridade face ao euro é que se tem tornado mais mediática. Daí que nos debrucemos precisamente e apenas sobre este facto.

 

3.  Aquando da crise iniciada em 2008, o governo norte-americano seguiu uma política monetária expansionista caracterizada pela injecção de enormes quantidades de dinheiro no mercado financeiro, travando, assim, o colapso quase eminente de alguns dos seus bancos, sem os quais a economia se desmoronaria. O governo norte-americano decidiu, igualmente, entrar no capital social de algumas empresas com carácter estratégico, vertendo, pois, para aí dinheiro.

 

4.  Os fundamentalistas do mercado livre viram a interferência directa do governo norte-americano na economia como um sacrilégio, adivinhado, inclusive, o descalabro do edifício económico e uma deturpação do modelo político e social em que assenta a sociedade norte-americana. Mas, não foi o que sucedeu: a economia norte-americana é de novo das mais estáveis do mundo, e o governo recebeu, até agora, a quase totalidade das prestações financeiras a que os devedores se haviam comprometido.

 

5.  Do lado das empresas intervencionadas, também se verificou o seu reanimar, e uma nova dinâmica competitiva face às congéneres do resto do mundo. Um dos exemplos mais emblemáticos é a indústria automóvel, ela que atravessava um dos maiores riscos de descalabro, está já recuperada e voltou a criar emprego.

 

6.  Além da intervenção directa nos bancos e em algumas empresas, a Reserva Federal norte-americana optou pela adopção de políticas de taxas de juros muito baixas, muito próximo do 0%, para estimular o acesso ao dinheiro.

 

7.  O modelo económico seguido pela Zona Euro foi distinto, mesmo que alguns países tenham também praticado políticas de salvamento dos seus bancos comerciais. A Europa optou, essencialmente, por políticas de austeridade e de um apertado rigor orçamental, na expectativa de, a mais ou menos breve trecho, encetar o caminho da recuperação económica.

 

8.  Salvo raras excepções, as nações europeias vivem hoje uma situação de crise económica e financeira que se traduz, em alguns casos, em crise social e política, o que faz com que cresçam as propostas de solução mais radical. Nem a própria França, a segunda maior economia da União Europeia escapou a este deslizamento, quando a Alemanha se tornou a única, ou então, a maior beneficiária das políticas de austeridade praticadas no Velho Continente.

 

9.  A Reserva Federal norte-americana prepara-se já para abandonar a política de taxa de juro 0%. Se o fizer, atrairá as poupanças europeias, acelerando, assim, a paridade das duas moedas em competição.

 

10.       Até agora, os EUA beneficiaram muito da existência de um euro mais forte, estimulando as exportações norte-americanas para a Europa. Com a paridade, aparentemente, os EUA perderão este benefício relativo, mas é preciso ter em conta que a economia norte-americana é muito autocentrada, não dependendo demasiado das exportações. E o que sucederá com a economia europeia?

 

11.       A economia europeia é mais extrovertida, embora se assista também, nos últimos tempos, a um aumento muito acentuado do comércio intraeuropeu.

 

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