1. A desvalorização da moeda única
europeia, o euro, face ao dólar norte-americano, tem sido a questão que, nos
últimos tempos, mais prende a atenção dos economistas. A relação entre as duas
moedas aproxima-se da paridade; ou seja, 1 dólar norte-americano está
praticamente a valer 1 euro.
2. O dólar não se tem valorizado apenas face
ao euro, sucedendo de igual modo – se bem que em proporções distintas – face a
outras divisas, como a libra-esterlina, o franco-suíço, o iene japonês, e até
mesmo o dólar canadense. Porém, a actual quase paridade face ao euro é que se
tem tornado mais mediática. Daí que nos debrucemos precisamente e apenas sobre
este facto.
3. Aquando da crise iniciada em 2008, o
governo norte-americano seguiu uma política monetária expansionista
caracterizada pela injecção de enormes quantidades de dinheiro no mercado
financeiro, travando, assim, o colapso quase eminente de alguns dos seus bancos,
sem os quais a economia se desmoronaria. O governo norte-americano decidiu,
igualmente, entrar no capital social de algumas empresas com carácter
estratégico, vertendo, pois, para aí dinheiro.
4. Os fundamentalistas do mercado livre
viram a interferência directa do governo norte-americano na economia como um
sacrilégio, adivinhado, inclusive, o descalabro do edifício económico e uma
deturpação do modelo político e social em que assenta a sociedade
norte-americana. Mas, não foi o que sucedeu: a economia norte-americana é de
novo das mais estáveis do mundo, e o governo recebeu, até agora, a quase totalidade
das prestações financeiras a que os devedores se haviam comprometido.
5. Do lado das empresas intervencionadas,
também se verificou o seu reanimar, e uma nova dinâmica competitiva face às
congéneres do resto do mundo. Um dos exemplos mais emblemáticos é a indústria
automóvel, ela que atravessava um dos maiores riscos de descalabro, está já
recuperada e voltou a criar emprego.
6. Além da intervenção directa nos
bancos e em algumas empresas, a Reserva Federal norte-americana optou pela
adopção de políticas de taxas de juros muito baixas, muito próximo do 0%, para
estimular o acesso ao dinheiro.
7. O modelo económico seguido pela Zona
Euro foi distinto, mesmo que alguns países tenham também praticado políticas de
salvamento dos seus bancos comerciais. A Europa optou, essencialmente, por
políticas de austeridade e de um apertado rigor orçamental, na expectativa de,
a mais ou menos breve trecho, encetar o caminho da recuperação económica.
8. Salvo raras excepções, as nações
europeias vivem hoje uma situação de crise económica e financeira que se traduz,
em alguns casos, em crise social e política, o que faz com que cresçam as
propostas de solução mais radical. Nem a própria França, a segunda maior
economia da União Europeia escapou a este deslizamento, quando a Alemanha se
tornou a única, ou então, a maior beneficiária das políticas de austeridade
praticadas no Velho Continente.
9. A Reserva Federal norte-americana
prepara-se já para abandonar a política de taxa de juro 0%. Se o fizer, atrairá
as poupanças europeias, acelerando, assim, a paridade das duas moedas em
competição.
10.
Até agora, os EUA beneficiaram
muito da existência de um euro mais forte, estimulando as exportações
norte-americanas para a Europa. Com a paridade, aparentemente, os EUA perderão
este benefício relativo, mas é preciso ter em conta que a economia norte-americana
é muito autocentrada, não dependendo demasiado das exportações. E o que
sucederá com a economia europeia?
11.
A economia europeia é mais
extrovertida, embora se assista também, nos últimos tempos, a um aumento muito
acentuado do comércio intraeuropeu.
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